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Rejeição: Como lidar com nãos em ambiente de trabalho

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Lidar com a rejeição pode nem sempre ser fácil. A assunção de posições contrárias, defesa de pontos de vista diferentes pode colocar em causa a auto estima e auto confiança dentro de uma organização

Rejeição - Imagem Blog

As relações de trabalho que se desenvolvem em ambientes altamente participativos e competitivos, há sempre uma elevada componente de rejeição associada à apreciação de várias propostas tendentes à resolução de um mesmo problema ou satisfação de uma mesma necessidade. A experiência de algum tipo de rejeição pode provocar algum tipo de bloqueio no desenvolvimento de novas abordagens e novas propostas e provocar algum tipo de distanciamento e falta de envolvimento em novas atividades, inibindo, no caso das empresas, obter mais e melhores participações nas vivências quotidianas.

A aversão à rejeição surge de tempos ancestrais, quando a habilidade para caçar em grupo ditava que o indivíduo pudesse prosperar ou fosse excluído do grupo, o que ditaria uma sentença de morte. As pessoas que melhor integrassem o grupo tinham fortes probabilidades de a sua participação nunca ser colocada em risco e, vantagem acrescida, poderem ser determinantes na determinação do destino de outros e do próprio grupo. Numa versão mais moderna em que a sobrevivência não está diretamente afetada, as consequências da rejeição continuam a ser negativas e refletem-se, sobretudo, em aspetos como a auto estima, a força anímica e enquadram a realidade vivenciada em diferentes perspetivas com as consequentes formas de agir do indivíduo.

Estando a rejeição estabelecida como uma inevitabilidade, a maneira como cada pessoa lida com ela, vai determinar o número e a qualidade de interações futuras. Cultivar um estado mental forte ajuda a superar os estados de rejeição e a conseguir novamente disponibilizar todos os pontos fortes de uma pessoa para novas performances que se refletirão também na organização que o enquadra, seja ela uma empresa ou uma instituição. Às pessoas que mais facilmente ultrapassam os estados de rejeição são normalmente apontadas as seguintes caraterísticas:

  • Conseguem identificar as suas emoções: Para dominar - desvalorizando ou valorizando - qualquer tipo de emoção é necessário saber identificar essas mesmas emoções e neste processo, poder assumir as emoções mais negativas é essencial para lidar com o desconforto de uma maneira saudável;
  • Vêem na rejeição um lado positivo: O silver lining de uma rejeição é significar que os interveninentes estão a testar novos limites e a sair das respetivas áreas de conforto. Nesta relação com o novo e com o desconhecido são despoletados momentos de aprendizagem que podem significar novos posicionamentos evitar novas rejeições ou um melhor enquadramento em futuras sensações;
  • Confrontam posicionamentos e pontos de vista: Estas pessoas não assumem as diferenças como um fator de menosprezo. O debate de ideias feito de forma clara e sem preconceitos ou juízos de valor sobre o que a outra parte possa querer faz com que haja uma melhor definição perante o conjunto de situações com as quais se confrontam no desempenhos dos seus vários papéis sociais. Por outro lado a recolha de feedback faz com que sejam mais facilmente identificadas as razões da rejeição e quais os comportamentos a serem alterados e/ou melhorados;

Para evitar a rejeição na interação com outros, quer em ambiente pessoal, quer em ambiente profissional, deverão ser tidos em conta alguns princípios base que permitem melhorar o resultado das interações e que se caraterizam por:

  • Classificar os interlocutores: A determinação do perfil da sua audiência é essencial para se posicionar face a ela sendo que audiências diferentes podem determinar comportamentos diferentes. Este princípio aplica-se ainda em maior profundidade em organizações muito estratificadas e com níveis de decisão muito compartimentados - nestes casos a adequação da intervenção pela determinação do tom, conteúdos e efeitos é de inegável importância;
  • Timing: A calendarização de ideias e iniciativas pode também ser determinante para o seu sucesso ou o seu fracasso, já que se pode maximizar as suas hipóteses de prevalência em intervalos temporais em que não haja outras com prevalência ou que determinem mais atenção. Evitar que outros roubem a atenção pode garantir que todas as sinergias de uma organização estão voltadas para um único objetivo ou para seguir um único caminho;
  • Perspetivas pessoais ou paixões: As ideias defendidas ou as iniciativas propostas têm tanto mais possibilidades de gerar reações de concordância ou adversas quanto mais implicarem mudanças de comportamento e outras para todos os envolvidos. Para diminuir as possibilidades de rejeição tente recolher informação sobre as posições pessoais ou os gostos de todos os implicados.

Ainda que a rejeição seja maioritariamente negativa - ainda que com alguns aspetos positivos - os momentos em que ela domina são sempre momentos de aprendizagem em que o conhecimento individual e organizacional podem ser desenvolvidos e incrementados. Dar a volta ou recuperar de um processo de rejeição pode significar uma oportunidade transformacional para as pessoas e para as próprias organizações, intuindo que o controlo absoluto é uma ilusão e que haverá sempre fatores fora da influência de qualquer pessoa é uma lição óbvia que se poderá retirar de todo este processo.

Quando se rejeita ou se é rejeitado, a busca por novas oportunidades e realidades garante sempre que as sinergias e os recursos podem ser canalizados para a obtenção de novas recompensas. Esta realidade advém da escolha natural da limitação de recursos: quando se alocam recursos a uma iniciativa, naturalmente não se podem alocar os mesmos recursos a outras. Assim, a rejeição tem a função cabal de libertar sinergias e recursos que poderão ser redirecionados.

A ameaça (a oportunidade?) da rejeição vai existir sempre. O truque é não deixarmos que domine o ambiente de trabalho ou o relacionamento estabelecido entre pessoas ao ponto de impedir a progressão ou de significar avultadas percas de recursos organizacionais.

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