Ética é um conceito e uma palavra que deriva do grego, refletindo-se à maneira de ser de uma pessoa. Podemos definir ética como um conjunto de normas subjacentes à participação do indivíduo no todo social. A ética garante um equilíbrio entre a ambição pessoal e os interesses dos outros para evitar que ninguém saia beneficiado por, deliberada ou negligentemente, ter prejudicado outros. À semelhança da esfera pessoal do indivíduo, também em ambiente profissional carece de um conjunto de normas éticas capazes de guiar o indivíduo por um conjunto de decisões cujas consequências se podem repercutir, ainda que involuntariamente no bem estar da organização que enquadra a sua capacidade de trabalho, das pessoas que consigo se relacionam e também, com o bem estar de si próprio.

A ética profissional enquanto respeito pelos padrões sociais e também pelos normativos em vigor dentro de uma organização tem como objetivo primordial garantir princípios como a confiança, o envolvimento e a valorização do trabalho do indivíduo em qualquer área funcional da empresa e em qualquer tipo de atividades que sejam desenvolvidas. Estes princípios são úteis para que o indivíduo tome decisões corretas perante os dilemas que lhe são apresentados na execução quotidiana de tarefas, decisões que deverão ser reconhecidas por todos como a conduta a seguir em situações similares. 

Os empreendedores e gestores de empresas devem atribuir reconhecimento aos desempenhos éticos como a forma correta de desempenhar tarefas e de estar no mundo empresarial. Estes responsáveis empresariais devem também reconhecer que os stakeholders (as partes interessadas) estão cada vez mais a exigir que as empresas, independentemente de seu tamanho e valor, tenham comportamentos éticos para com todos os envolvimento no processo de negócio, especialmente no que diz respeito a temáticas ambientais e à aplicação de taxas de lucro moralmente aceitáveis. Portanto, é importante que empresários e gestores aceitem e incorporem a responsabilidade ética no negócio e que a reflitam na sua tomada de decisões sobre produtos e serviços, clientes, parceiros de negócios, processos e operações e todos os aspectos da condução dos negócios. Isso também deve envolver a avaliação de consequências ou resultados e revisitar o processo para tomar ações corretivas quando necessário. 

Para as empresas enquanto pessoas coletivas, as tomadas de decisão éticas podem ser frequentemente associadas a quatro áreas de desempenho:

• Confiança - Os clientes entregam ao negócio um conjunto de recursos na expetativa de obterem um produto ou um serviço que satisfaça algum tipo de necessidade. Cabe à empresa respeitar essa confiança, nomeadamente não tentando obter vantagem ilegítima nos valores recebidos ou no produto/serviço oferecido em troca.
• Crédito e pagamentos - A posição que uma empresa assume no mercado está também dependente do seu respeito por compromissos financeiros assumidos. Respeitar os encargos assumidos com recursos humanos, prazos de pagamento definidos com fornecedores, etc..
• Reputação - A implementação de valores éticos são verdadeiramente uma vantagem concorrencial e um ativo intangível da empresa. A escolha da empresa por ser uma empresa justa e socialmente responsável pode efetivamente significar um aumento de procura face a outras empresas que não gozem do mesmo estatuto reputacional. 
• Respeito de orientações públicas - O enquadramento das ações da empresa em orientações públicas que promovam e contribuam ativamente para o bem estar social pode dar uma justificação acrescida às ações empresariais. O respeito por este tipo de orientações revela-se mais proveitoso quando se alinham com grandes causas e desígnios como é o caso da melhoria das condições sanitárias e prevenção de doenças.

Por outro lado, a nível pessoal, pode ser definido um conjunto de caraterísticas que comummente são associadas às pessoas com uma forte ética profissional:

• São confiáveis - Tornar-se uma pessoa da qual se pode depender é um elemento importante da confiabilidade. É ter a confiança de que uma peça na engrenagem no vai falhar e que outras ações que tenham que ser realizadas incorporando ações de terceiros, poderão atingir os resultados pretendidos. Uma pessoa confiável vai fazer aquilo com que se comprometeu mesmo que o espírito com que assumiu esse compromisso já não seja o mesmo;
• Praticam a autodisciplina - Como forma de conseguirem atingir a excelência das suas ações, as pessoas com forte ética profissional canalizam as suas energias para o que deve ser feito. Envolvem-se na execução de uma tarefa ou na prossecução de um objetivo para lá do que é expectável, procurando sempre novas formas de conseguir novas competências e de melhorar o seu desempenho;
• São responsáveis - Aceitam o erro como forma de melhorar os seus resultados minimizando sempre as consequências dos seus erros para a organização e para outras pessoas. Face ao erro, procuram não atribuir culpas nem procurar justificações, mas introduzir melhorias contínuas no processo para que as falhas não se voltem a repetir;
• São determinadas e dedicadas - Deixar um trabalho a meio ou desenvolvê-lo de forma inconsequente é inaceitável para as pessoas com elevados padrões de ética profissional, já que têm uma clara noção dos objetivos a atingir e daquilo que pode ser o seu contributo para atingir os objetivos definidos e percebidos;
• Disponíveis e humildes - A ética profissional faz com que estas pessoas não considerem o seu trabalho melhor que o desenvolvido por outros mas também não é inferior ao das outras pessoas. Este princípio associado à permanente vontade de se superar e de aprender coisas novas, faz com que se envolva em projetos promovidos por outros, com contribuições de elevado valor e capazes de facilitar as participações de todos os outros envolvidos.

A aplicação de princípios éticos nas decisões empresariais e pessoais podem ser melhoradas e desenvolvidas. Para esta finalidade há um conjunto de soluções que deverão ser adaptadas a cada contexto de trabalho por forma a potenciar os melhores resultados possíveis sem causar disrupções nos respetivos contextos de aplicação.

Assim, para melhorar os valores éticos e morais em uso nas respetivas empresas, os empreendedores e gestores devem considerar:

• Formação - Como várias outras áreas do trabalho organizacional, também a valorização ética pode ser alvo de ações de formação específica para que as pessoas se tornem mais conscientes da necessidade de ética no desenvolvimento de negócios. Saber quais os efeitos das ações e decisões tomadas e de que forma impactam a vida de outras pessoas é sempre uma boa forma de começar. As relações interpessoais deverão ser valorizadas no sentido de serem o melhor veículo para reter clientes e reter o talento dos colaboradores;
• Desenvolver um “Manual de Boas Práticas” - Caso este documento não exista, os princípios, linhas orientadoras e responsabilidades éticas caem no campo da arbitrariedade pessoal de quem as pratica, sem se instituírem como norma para a organização com um todo. a existência de um manual devidamente disponibilizado a todo o ambientes empresarial (parceiros de negócio incluídos), faz com que as ações eticamente responsáveis se desenvolvam de forma mais clara e eficiente;
• Alinhar as boas medidas internas com as boas medidas do setor - Recorrer e questionar organizações sócio profissionais no sentido de disponibilizarem práticas coletivas que se possam aplicar a um setor e que constituam uma referência de benchmark para todos quantos desenvolvam atividades similares.

Por fim, referir apenas que a ética empresarial se torna mais forte com a sua prática constante, para que as práticas possam ser assimiladas por todos e praticados de forma gradualmente involuntária e natural. Ética e ser ético compensa. No entanto, muitos gestores apenas se apercebem desta verdade quando já estão a sofrer consequências de decisões de dúbio fundamento ético e moral.

Moloni